quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

LUCAS 1
Lc 1.1 Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram,
Lc 1.2 segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra,
Lc 1.3 também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.
Lc 1.4 para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JOÃO
Lc 1.5 Houve nos dias do Rei Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias; e sua mulher era descendente de Arão, e chamava-se Isabel.
Lc 1.6 Ambos eram justos diante de Deus, andando irrepreensíveis em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
Lc 1.7 Mas não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos avançados em idade.
Lc 1.8 Ora, estando ele a exercer as funções sacerdotais perante Deus, na ordem da sua turma,
Lc 1.9 segundo o costume do sacerdócio, coube-lhe por sorte entrar no santuário do Senhor, para oferecer o incenso;
Lc 1.10 e toda a multidão do povo orava da parte de fora, à hora do incenso.
Lc 1.11 Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso.
Lc 1.12 E Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou.
Lc 1.13 Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João;
Lc 1.14 e terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento;
Lc 1.15 porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;
Lc 1.16 converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;
Lc 1.17 irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.
Lc 1.18 Disse então Zacarias ao anjo: Como terei certeza disso? pois eu sou velho, e minha mulher também está avançada em idade.
Lc 1.19 Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar estas boas novas;
Lc 1.20 e eis que ficarás mudo, e não poderás falar até o dia em que estas coisas aconteçam; porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo hão de cumprir-se.
Lc 1.21 O povo estava esperando Zacarias, e se admirava da sua demora no santuário.
Lc 1.22 Quando saiu, porém, não lhes podia falar, e perceberam que tivera uma visão no santuário. E falava-lhes por acenos, mas permanecia mudo.
Lc 1.23 E, terminados os dias do seu ministério, voltou para casa.
Lc 1.24 Depois desses dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou, dizendo:
Lc 1.25 Assim me fez o Senhor nos dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu opróbrio diante dos homens.
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JESUS
Lc 1.26 Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
Lc 1.27 a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
Lc 1.28 E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.
Lc 1.29 Ela, porém, ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria essa.
Lc 1.30 Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.
Lc 1.31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
Lc 1.32 Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai;
Lc 1.33 e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
Lc 1.34 Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?
Lc 1.35 Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.
Lc 1.36 Eis que também Isabel, tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;
Lc 1.37 porque para Deus nada será impossível.
Lc 1.38 Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
MARIA VISITA ISABEL
Lc 1.39 Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá,
Lc 1.40 entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel.
Lc 1.41 Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,
Lc 1.42 e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!
Lc 1.43 E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
Lc 1.44 Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim.
Lc 1.45 Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.
O CÂNTICO DE MARIA
Lc 1.46 Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
Lc 1.47 e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador;
Lc 1.48 porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
Lc 1.49 porque o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.
Lc 1.50 E a sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.
Lc 1.51 Com o seu braço manifestou poder; dissipou os que eram soberbos nos pensamentos de seus corações;
Lc 1.52 depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.
Lc 1.53 Aos famintos encheu de bens, e vazios despediu os ricos.
Lc 1.54 Auxiliou a Isabel, seu servo, lembrando-se de misericórdia
Lc 1.55 (como falou a nossos pais) para com Abraão e a sua descendência para sempre.
Lc 1.56 E Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.
O NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA
Lc 1.57 Ora, completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
Lc 1.58 Ouviram seus vizinhos e parentes que o Senhor lhe multiplicara a sua misericórdia, e se alegravam com ela.
Lc 1.59 Sucedeu, pois, no oitavo dia, que vieram circuncidar o menino; e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
Lc 1.60 Respondeu, porém, sua mãe: De modo nenhum, mas será chamado João.
Lc 1.61 Ao que lhe disseram: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.
Lc 1.62 E perguntaram por acenos ao pai como queria que se chamasse.
Lc 1.63 E pedindo ele uma tabuinha, escreveu: Seu nome é João. E todos se admiraram.
Lc 1.64 Imediatamente a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; louvando a Deus.
Lc 1.65 Então veio temor sobre todos os seus vizinhos; e em toda a região montanhosa da Judéia foram divulgadas todas estas coisas.
Lc 1.66 E todos os que delas souberam as guardavam no coração, dizendo: Que virá a ser, então, este menino? Pois a mão do Senhor estava com ele.
O CÂNTICO DE ZACARIAS
Lc 1.67 Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo:
Lc 1.68 Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo,
Lc 1.69 e para nós fez surgir uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo;
Lc 1.70 assim como desde os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos profetas;
Lc 1.71 para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
Lc 1.72 para usar de misericórdia com nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto
Lc 1.73 e do juramento que fez a Abrão, nosso pai,
Lc 1.74 de conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, o servíssemos sem temor,
Lc 1.75 em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
Lc 1.76 E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
Lc 1.77 para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados,
Lc 1.78 graças à entrenhável misericórdia do nosso Deus, pela qual nos há de visitar a aurora lá do alto,
Lc 1.79 para alumiar aos que jazem nas trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os nossos pés no caminho da paz.
Lc 1.80 Ora, o menino crescia, e se robustecia em espírito; e habitava nos desertos até o dia da sua manifestação a Israel.
LUCAS 2
O NASCIMENTO DE JESUS
Lc 2.1 Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado.
Lc 2.2 Este primeiro recenseamento foi feito quando Cirênio era governador da Síria.
Lc 2.3 E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
Lc 2.4 Subiu também José, da Galiléia, da cidade de Nazaré, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,
Lc 2.5 a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
Lc 2.6 Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz,
Lc 2.7 e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
OS PASTORES DE BELÉM
Lc 2.8 Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho.
Lc 2.9 E um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo que se encheram de grande temor.
Lc 2.10 O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo:
Lc 2.11 É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
Lc 2.12 E isto vos será por sinal: Achareis um menino envolto em faixas, e deitado em uma manjedoura.
Lc 2.13 Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo:
Lc 2.14 Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade.
Lc 2.15 E logo que os anjos se retiraram deles para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos já até Belém, e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.
Lc 2.16 Foram, pois, a toda a pressa, e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura;
Lc 2.17 e, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita;
Lc 2.18 e todos os que a ouviram se admiravam do que os pastores lhes diziam.
Lc 2.19 Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração.
Lc 2.20 E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora dito.
CIRCUNCISÃO E APRESENTAÇÃO DE JESUS
Lc 2.21 Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
Lc 2.22 Terminados os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor
Lc 2.23 (conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao Senhor),
Lc 2.24 e para oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos.
SIMEÃO E ANA
Lc 2.25 Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
Lc 2.26 E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.
Lc 2.27 Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei,
Lc 2.28 Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
Lc 2.29 Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
Lc 2.30 pois os meus olhos já viram a tua salvação,
Lc 2.31 a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;
Lc 2.32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.
Lc 2.33 Enquanto isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se diziam.
Lc 2.34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,
Lc 2.35 sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
Lc 2.36 Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua virgindade;
Lc 2.37 e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
Lc 2.38 Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
O MENINO JESUS NO MEIO DOS DOUTORES
Lc 2.39 Assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para sua cidade de Nazaré.
Lc 2.40 E o menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.
Lc 2.41 Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da páscoa.
Lc 2.42 Quando Jesus completou doze anos, subiram eles segundo o costume da festa;
Lc 2.43 e, terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem o saberem seus pais;
Lc 2.44 julgando, porém, que estivesse entre os companheiros de viagem, andaram caminho de um dia, e o procuravam entre os parentes e conhecidos;
Lc 2.45 e não o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele.
Lc 2.46 E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
Lc 2.47 E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.
Lc 2.48 Quando o viram, ficaram maravilhados, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que procedeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
Lc 2.49 Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?
Lc 2.50 Eles, porém, não entenderam as palavras que lhes dissera.
Lc 2.51 Então, descendo com eles, foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração.
Lc 2.52 E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.
LUCAS 3
A PREGAÇÃO DE JOÃO BATISTA
Lc 3.1 No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene,
Lc 3.2 sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
Lc 3.3 E ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados;
Lc 3.4 como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas.
Lc 3.5 Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro; o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão;
Lc 3.6 e toda a carne verá a salvação de Deus.
Lc 3.7 João dizia, pois, às multidões que saíam para ser batizadas por ele: Raça de víboras, quem vos ensina a fugir da ira vindoura?
Lc 3.8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos por pai a Abrão; porque eu vos digo que até destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abrão.
Lc 3.9 Também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
Lc 3.10 Ao que lhe perguntavam as multidões: Que faremos, pois?
Lc 3.11 Respondia-lhes então: Aquele que tem duas túnicas, reparta com o que não tem nenhuma, e aquele que tem alimentos, faça o mesmo.
Lc 3.12 Chegaram também uns publicanos para serem batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que havemos nós de fazer?
Lc 3.13 Respondeu-lhes ele: Não cobreis além daquilo que vos foi prescrito.
Lc 3.14 Interrogaram-no também uns soldados: E nós, que faremos? Disse-lhes: A ninguém queirais extorquir coisa alguma; nem deis denúncia falsa; e contentai-vos com o vosso soldo.
Lc 3.15 Ora, estando o povo em expectativa e arrazoando todos em seus corações a respeito de João, se porventura seria ele o Cristo,
Lc 3.16 respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.
Lc 3.17 A sua pá ele tem na mão para limpar bem a sua eira, e recolher o trigo ao seu celeiro; mas queimará a palha em fogo inextinguível.
Lc 3.18 Assim pois, com muitas outras exortações ainda, anunciava o evangelho ao povo.
Lc 3.19 Mas o tetrarca Herodes, sendo repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão, e por todas as maldades que havia feito,
Lc 3.20 acrescentou a todas elas ainda esta, a de encerrar João no cárcere.
O BATISMO DE JESUS
Lc 3.21 Quando todo o povo fora batizado, tendo sido Jesus também batizado, e estando ele a orar, o céu se abriu;
Lc 3.22 e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo.
A GENEALOGIA DE JESUS
Lc 3.23 Ora, Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo (como se cuidava) filho de José, filho de Eli;
Lc 3.24 Eli de Matate, Matate de Levi, Levi de Melqui, Melqui de Janai, Janai de José,
Lc 3.25 José de Matatias, Matatias de Amós, Amós de Naum, Naum de Esli, Esli de Nagai,
Lc 3.26 Nagai de Maate, Maate de Matatias, Matatias de Semei, Semei de Joseque, Joseque de Jodá,
Lc 3.27 Jodá de Joanã, Joanã de Resa, Resa de Zorobabel, Zorobabel de Salatiel, Salatiel de Neri,
Lc 3.28 Neri de Melqui, Melqui de Adi, Adi de Cosão, Cosão de Elmodã, Elmodã de Er,
Lc 3.29 Er de Josué, Josué de Eliézer, Eliézer de Jorim, Jorim de Matate, Matate de Levi,
Lc 3.30 Levi de Simeão, Simeão de Judá, Judá de José, José de Jonã, Jonã de Eliaquim,
Lc 3.31 Eliaquim de Meleá, Meleá de Mená, Mená de Matatá, Matatá de Natã, Natã de Davi,
Lc 3.32 Davi de Jessé, Jessé de Obede, Obede de Boaz, Boaz de Salá, Salá de Nasom,
Lc 3.33 Nasom de Aminadabe, Aminadabe de Admim, Admim de Arni, Arni de Esrom, Esrom de Farés, Farés de Judá,
Lc 3.34 Judá de Jacó, Jacó de Isaque, Isaque de Abraão, Abraão de Tará, Tará de Naor,
Lc 3.35 Naor de Seruque, Seruque de Ragaú, Ragaú de Faleque, Faleque de Eber, Eber de Salá,
Lc 3.36 Salá de Cainã, Cainã de Arfaxade, Arfaxade de Sem, Sem de Noé, Noé de Lameque,
Lc 3.37 Lameque de Matusalém, Matusalém de Enoque, Enoque de Jarede, Jarede de Maleleel, Maleleel de Cainã,
Lc 3.38 Cainã de Enos, Enos de Sete, Sete de Adão, e Adão de Deus.
LUCAS 4
A TENTAÇÃO DE JESUS
Lc 4.1 Jesus, pois, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão; e era levado pelo Espírito no deserto,
Lc 4.2 durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. E naqueles dias não comeu coisa alguma; e terminados eles, teve fome.
Lc 4.3 Disse-lhe então o Diabo: Se tu és Filho de Deus, manda a esta pedra que se torne em pão.
Lc 4.4 Jesus, porém, lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus.
Lc 4.5 Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.
Lc 4.6 E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória destes reinos, porque me foi entregue, e a dou a quem eu quiser;
Lc 4.7 se tu, me adorares, será toda tua.
Lc 4.8 Respondeu-lhe Jesus: Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
Lc 4.9 Então o levou a Jerusalém e o colocou sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
Lc 4.10 porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que te guardem;
Lc 4.11 e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
Lc 4.12 Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Lc 4.13 Assim, tendo o Diabo acabado toda sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião oportuna.
JESUS É EXPULSO DE NAZARÉ
Lc 4.14 Então voltou Jesus para a Galiléia no poder do Espírito; e a sua fama correu por toda a circunvizinhança.
Lc 4.15 Ensinava nas sinagogas deles, e por todos era louvado.
Lc 4.16 Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
Lc 4.17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito:
Lc 4.18 O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
Lc 4.19 e para proclamar o ano aceitável do Senhor.
Lc 4.20 E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
Lc 4.21 Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos.
Lc 4.22 E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de graça que saíam da sua boca; e diziam: Este não é filho de José?
Lc 4.23 Disse-lhes Jesus: Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; Tudo o que ouvimos teres feito em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.
Lc 4.24 E prosseguiu: Em verdade vos digo que nenhum profeta é aceito na sua terra.
Lc 4.25 Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando céu se fechou por três anos e seis meses, de sorte que houve grande fome por toda a terra;
Lc 4.26 e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Serepta de Sidom.
Lc 4.27 Também muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Elizeu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o sírio.
Lc 4.28 Todos os que estavam na sinagoga, ao ouvirem estas coisas, ficaram cheios de ira;
Lc 4.29 e, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o despenhadeiro do monte em que a sua cidade estava edificada, para dali o precipitarem.
Lc 4.30 Ele, porém, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.
Lc 4.31 Então desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e os ensinava no sábado.
Lc 4.32 e maravilharam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade.
A CURA DE UM ENDEMONINHADO
Lc 4.33 Havia na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo; e gritou em alta voz:
Lc 4.34 Ah! que temos nós contigo, Jesus, nazareno? vieste destruir-nos? Bem sei quem é: o Santo de Deus.
Lc 4.35 Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, tendo-o lançado por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal algum.
Lc 4.36 E veio espanto sobre todos, e falavam entre si, perguntando uns aos outros: Que palavra é esta, pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
A CURA DA SOGRA DE PEDRO
Lc 4.37 E se divulgava a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança.
Lc 4.38 Ora, levantando-se Jesus, saiu da sinagoga e entrou em casa de Simão; e estando a sogra de Simão enferma com muita febre, rogaram-lhe por ela.
Lc 4.39 E ele, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou. Imediatamente ela se levantou e os servia.
Lc 4.40 Ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e ele punha as mãos sobre cada um deles e os curava.
Lc 4.41 Também de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus. Ele, porém, os repreendia, e não os deixava falar; pois sabiam que ele era o Cristo.
Lc 4.42 Ao romper do dia saiu, e foi a um lugar deserto; e as multidões procuravam-no e, vindo a ele, queriam detê-lo, para que não se ausentasse delas.
Lc 4.43 Ele, porém, lhes disse: É necessário que também às outras cidades eu anuncie o evangelho do reino de Deus; porque para isso é que fui enviado.
Lc 4.44 E pregava nas sinagogas da Judéia.
LUCAS 5
A PESCA MARAVILHOSA. OS PRIMEIROS DISCÍPULOS
Lc 5.1 Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago de Genezaré;
Lc 5.2 e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores haviam descido deles, e estavam lavando as redes.
Lc 5.3 Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões.
Lc 5.4 Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca.
Lc 5.5 Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes.
Lc 5.6 Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam.
Lc 5.7 Acenaram então aos companheiros que estavam no outro barco, para virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
Lc 5.8 Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.
Lc 5.9 Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto se apoderara dele e de todos os que com ele estavam,
Lc 5.10 bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.
Lc 5.11 E, levando eles os barcos para a terra, deixaram tudo e o seguiram.
A CURA DE UM LEPROSO
Lc 5.12 Estando ele numa das cidades, apareceu um homem cheio de lepra que, vendo a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
Lc 5.13 Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante desapareceu dele a lepra.
Lc 5.14 Ordenou-lhe, então, que a ninguém contasse isto. Mas vai, disse ele, mostra-te ao sacerdote e faze a oferta pela tua purificação, conforme Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
Lc 5.15 A sua fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões se ajuntavam para ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades.
Lc 5.16 Mas ele se retirava para os desertos, e ali orava.
A CURA DE UM PARALÍTICO
Lc 5.17 Um dia, quando ele estava ensinando, achavam-se ali sentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia e da Judéia, e de Jerusalém; e o poder do Senhor estava com ele para curar.
Lc 5.18 E eis que uns homens, trazendo num leito um paralítico, procuravam introduzi-lo e pô-lo diante dele.
Lc 5.19 Mas, não achando por onde o pudessem introduzir por causa da multidão, subiram ao eirado e, por entre as telhas, o baixaram com o leito, para o meio de todos, diante de Jesus.
Lc 5.20 E vendo-lhes a fé, disse ele: Homem, são-te perdoados os teus pecados.
Lc 5.21 Então os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que profere blasfêmias? Quem é este que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?
Lc 5.22 Jesus, porém, percebendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Por que arrazoais em vossos corações?
Lc 5.23 Qual é mais fácil? dizer: São-te perdoados os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, e anda?
Lc 5.24 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
Lc 5.25 Imediatamente se levantou diante deles, tomou o leito em que estivera deitado e foi para sua casa, glorificando a Deus.
Lc 5.26 E, tomados de pasmo, todos glorificavam a Deus; e diziam, cheios de temor: Hoje vimos coisas extraordinárias.
A VOCAÇÃO DE LEVI
Lc 5.27 Depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, disse-lhe: Segue-me.
Lc 5.28 Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.
Lc 5.29 Deu-lhe então Levi um lauto banquete em sua casa; havia ali grande número de publicanos e outros que estavam com eles à mesa.
Lc 5.30 Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas contra os discípulos, perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
Lc 5.31 Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos;
Lc 5.32 eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento.
SOBRE O JEJUM
Lc 5.33 Disseram-lhe eles: Os discípulos de João jejuam freqüentemente e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem.
Lc 5.34 Respondeu-lhes Jesus: Podeis, porventura, fazer jejuar os convidados às núpcias enquanto o noivo está com eles?
Lc 5.35 Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim hão de jejuar.
Lc 5.36 Propôs-lhes também uma parábola: Ninguém tira um pedaço de um vestido novo para o coser em vestido velho; do contrário, não somente rasgará o novo, mas também o pedaço do novo não condirá com o velho.
Lc 5.37 E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão;
Lc 5.38 mas vinho novo deve ser deitado em odres novos.
Lc 5.39 E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom.
LUCAS 6
JESUS, O SENHOR DO SÁBADO
Lc 6.1 E sucedeu que, num dia de sábado, passava Jesus pelas searas; e seus discípulos iam colhendo espigas e, debulhando-as com as mãos, as comiam.
Lc 6.2 Alguns dos fariseus, porém, perguntaram; Por que estais fazendo o que não é lícito fazer nos sábados?
Lc 6.3 E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nem ao menos tendes lido o que fez Davi quando teve fome, ele e seus companheiros?
Lc 6.4 Como entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão só aos sacerdotes, e deles comeu e deu também aos companheiros?
Lc 6.5 Também lhes disse: O Filho do homem é Senhor do sábado.
A CURA DO HOMEM DA MÃO ATROFIADA
Lc 6.6 Ainda em outro sábado entrou na sinagoga, e pôs-se a ensinar. Estava ali um homem que tinha a mão direita atrofiada.
Lc 6.7 E os escribas e os fariseus observavam-no, para ver se curaria em dia de sábado, para acharem de que o acusar.
Lc 6.8 Mas ele, conhecendo-lhes os pensamentos, disse ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te, e fica em pé aqui no meio. E ele, levantando-se, ficou em pé.
Lc 6.9 Disse-lhes, então, Jesus: Eu vos pergunto: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou tirá-la?
Lc 6.10 E olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele assim o fez, e a mão lhe foi restabelecida.
Lc 6.11 Mas eles se encheram de furor; e uns com os outros conferenciam sobre o que fariam a Jesus.
A ELEIÇÃO DOS DOZE
Lc 6.12 Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus.
Lc 6.13 Depois do amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos:
Lc 6.14 Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu;
Lc 6.15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote;
Lc 6.16 Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor.
O SERMÃO DA MONTANHA
Lc 6.17 E Jesus, descendo com eles, parou num lugar plano, onde havia não só grande número de seus discípulos, mas também grande multidão do povo, de toda a Judéia e Jerusalém, e do litoral de Tiro e de Sidom, que tinham vindo para ouvi-lo e serem curados das suas doenças;
Lc 6.18 e os que eram atormentados por espíritos imundos ficavam curados.
Lc 6.19 E toda a multidão procurava tocar-lhe; porque saía dele poder que curava a todos.
Lc 6.20 Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
Lc 6.21 Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.
Lc 6.22 Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, e quando vos expulsarem da sua companhia, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do homem.
Lc 6.23 Regozijai-vos nesse dia e exultai, porque eis que é grande o vosso galardão no céu; pois assim faziam os seus pais aos profetas.
Lc 6.24 Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação.
Lc 6.25 Ai de vós, os que agora estais fartos! porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides! porque vos lamentareis e chorareis.
Lc 6.26 Ai de vós, quando todos os homens vos louvarem! porque assim faziam os seus pais aos falsos profetas.
A NOVA LEI DO AMOR
Lc 6.27 Mas a vós que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
Lc 6.28 bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
Lc 6.29 Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica.
Lc 6.30 Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames.
Lc 6.31 Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo modo lhes fazei vós também.
Lc 6.32 Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.
Lc 6.33 E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo.
Lc 6.34 E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
Lc 6.35 Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus.
Lc 6.36 Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.
Lc 6.37 Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.
Lc 6.38 Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós.
Lc 6.39 E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego guiar outro cego? não cairão ambos no barranco?
Lc 6.40 Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre.
Lc 6.41 Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?
Lc 6.42 Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.
Lc 6.43 Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto.
Lc 6.44 Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
Lc 6.45 O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
OS DOIS FUNDAMENTOS
Lc 6.46 E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?
Lc 6.47 Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante:
Lc 6.48 É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala, e pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu com ímpeto a torrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem edificada.
Lc 6.49 Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a torrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.
LUCAS 7
O CENTURIÃO DE CAFARNAUM
Lc 7.1 Quando acabou de proferir todas estas palavras aos ouvidos do povo, entrou em Cafarnaum.
Lc 7.2 E um servo de certo centurião, de quem era muito estimado, estava doente, quase à morte.
Lc 7.3 O centurião, pois, ouvindo falar de Jesus, enviou-lhes uns anciãos dos judeus, a pedir-lhe que viesse curar o seu servo.
Lc 7.4 E chegando eles junto de Jesus, rogavam-lhe com instância, dizendo: É digno de que lhe concedas isto;
Lc 7.5 porque ama à nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.
Lc 7.6 Ia, pois, Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou o centurião uns amigos a dizer-lhe: Senhor, não te incomodes; porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado;
Lc 7.7 por isso nem ainda me julguei digno de ir à tua presença; dize, porém, uma palavra, e seja o meu servo curado.
Lc 7.8 Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
Lc 7.9 Jesus, ouvindo isso, admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.
Lc 7.10 E voltando para casa os que haviam sido enviados, encontraram o servo com saúde.
O FILHO DA VIÚVA DE NAIM
Lc 7.11 Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão.
Lc 7.12 Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
Lc 7.13 Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
Lc 7.14 Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te.
Lc 7.15 O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe.
Lc 7.16 O medo se apoderou de todos, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.
Lc 7.17 E correu a notícia disto por toda a Judéia e por toda a região circunvizinha.
JOÃO ENVIA DOIS DISCÍPULOS A JESUS
Lc 7.18 Ora, os discípulos de João anunciaram-lhe todas estas coisas.
Lc 7.19 E João, chamando a dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
Lc 7.20 Quando aqueles homens chegaram junto dele, disseram: João, o Batista, enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
Lc 7.21 Naquela mesma hora, curou a muitos de doenças, de moléstias e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos.
Lc 7.22 Então lhes respondeu: Ide, e contai a João o que tens visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
JESUS TESTIFICA JOÃO BATISTA
Lc 7.23 E bem-aventurado aquele que não se escandalizar de mim.
Lc 7.24 E, tendo-se retirado os mensageiros de João, Jesus começou a dizer às multidões a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?
Lc 7.25 Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam roupas preciosas, e vivem em delícias, estão nos paços reais.
Lc 7.26 Mas que saístes a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
Lc 7.27 Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho.
Lc 7.28 Pois eu vos digo que, entre os nascidos de mulher, não há nenhum maior do que João; mas aquele que é o menor no reino de Deus é maior do que ele.
Lc 7.29 E todo o povo que o ouviu, e até os publicanos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o batismo de João.
Lc 7.30 Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus quando a si mesmos, não sendo batizados por ele.
Lc 7.31 A que, pois, compararei os homens desta geração, e a que são semelhantes?
Lc 7.32 São semelhantes aos meninos que, sentados nas praças, gritam uns para os outros: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes.
Lc 7.33 Porquanto veio João, o Batista, não comendo pão nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio;
Lc 7.34 veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores.
Lc 7.35 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.
A PECADORA QUE UNGIU OS PÉS DE JESUS
Lc 7.36 Um dos fariseus convidou-o para comer com ele; e entrando em casa do fariseu, reclinou-se à mesa.
Lc 7.37 E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo;
Lc 7.38 e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo.
Lc 7.39 Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava consigo, dizendo: Se este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é essa mulher que o toca, pois é uma pecadora.
Lc 7.40 E respondendo Jesus, disse-lhe: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu ele: Dize-a, Mestre.
Lc 7.41 Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos denários, e outro cinqüenta.
Lc 7.42 Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles, pois, o amará mais?
Lc 7.43 Respondeu Simão: Suponho que é aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe Jesus: Julgaste bem.
Lc 7.44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou.
Lc 7.45 Não me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés.
Lc 7.46 Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo ungiu-me os pés.
Lc 7.47 Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
Lc 7.48 E disse a ela: Perdoados são os teus pecados.
Lc 7.49 Mas os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados?
Lc 7.50 Jesus, porém, disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.
LUCAS 8
AS MULHERES QUE SERVIRAM A JESUS COM SEUS BENS
Lc 8.1 Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele os doze,
Lc 8.2 bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios.
Lc 8.3 Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus bens.
A PARÁBOLA DO SEMEADOR
Lc 8.4 Ora, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola:
Lc 8.5 Saiu o semeador a semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; e foi pisada, e as aves do céu a comeram.
Lc 8.6 Outra caiu sobre pedra; e, nascida, secou-se porque não havia umidade.
Lc 8.7 E outra caiu no meio dos espinhos; e crescendo com ela os espinhos, sufocaram-na.
Lc 8.8 Mas outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu fruto, cem por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Lc 8.9 Perguntaram-lhe então seus discípulos o que significava essa parábola.
Lc 8.10 Respondeu ele: A vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; mas aos outros se fala por parábolas; para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.
Lc 8.11 É, pois, esta a parábola: A semente é a palavra de Deus.
Lc 8.12 Os que estão à beira do caminho são os que ouvem; mas logo vem o Diabo e tira-lhe do coração a palavra, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
Lc 8.13 Os que estão sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas estes não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, mas na hora da provação se desviam.
Lc 8.14 A parte que caiu entre os espinhos são os que ouviram e, indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites desta vida e não dão fruto com perfeição.
Lc 8.15 Mas a que caiu em boa terra são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.
A PARÁBOLA DA CANDEIA
Lc 8.16 Ninguém, pois, acende uma candeia e a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz.
Lc 8.17 Porque não há coisa encoberta que não haja de manifestar-se, nem coisa secreta que não haja de saber-se e vir à luz.
Lc 8.18 Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver, até o que parece ter lhe será tirado.
A FAMÍLIA DE JESUS
Lc 8.19 Vieram, então, ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele por causa da multidão.
Lc 8.20 Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te.
Lc 8.21 Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam.
JESUS ACALMA A TEMPESTADE
Lc 8.22 Ora, aconteceu certo dia que entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos à outra margem do lago. E partiram.
Lc 8.23 Enquanto navegavam, ele adormeceu; e desceu uma tempestade de vento sobre o lago; e o barco se enchia de água, de sorte que perigavam.
Lc 8.24 Chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança.
Lc 8.25 Então lhes perguntou: Onde está a vossa fé? Eles, atemorizados, admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
O ENDEMONINHADO GERASENO
Lc 8.26 Apontaram à terra dos gerasenos, que está defronte da Galiléia.
Lc 8.27 Logo que saltou em terra, saiu-lhe ao encontro um homem da cidade, possesso de demônios, que havia muito tempo não vestia roupa, nem morava em casa, mas nos sepulcros.
Lc 8.28 Quando ele viu a Jesus, gritou, prostrou-se diante dele, e com grande voz exclamou: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
Lc 8.29 Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois já havia muito tempo que se apoderara dele; e guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas ele, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos.
Lc 8.30 Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios.
Lc 8.31 E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo.
Lc 8.32 Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe, pois que lhes permitisse entrar neles, e lho permitiu.
Lc 8.33 E tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos; e a manada precipitou-se pelo despenhadeiro no lago, e afogou-se.
Lc 8.34 Quando os pastores viram o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na cidade e nos campos.
Lc 8.35 Saíram, pois, a ver o que tinha acontecido, e foram ter com Jesus, a cujos pés acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o homem de quem havia saído os demônios; e se atemorizaram.
Lc 8.36 Os que tinham visto aquilo contaram-lhes como fora curado o endemoninhado.
Lc 8.37 Então todo o povo da região dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande medo. Pelo que ele entrou no barco, e voltou.
Lc 8.38 Pedia-lhe, porém, o homem de quem haviam saído os demônios que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
Lc 8.39 Volta para tua casa, e conta tudo quanto Deus te fez. E ele se retirou, publicando por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera.
A FILHA DE JAIRO. A MULHER QUE TINHA HEMORRAGIA
Lc 8.40 Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu; porque todos o estavam esperando.
Lc 8.41 E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa;
Lc 8.42 porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões.
Lc 8.43 E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos [e gastara com os médicos todos os seus haveres] e por ninguém pudera ser curada,
Lc 8.44 chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia.
Lc 8.45 Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem.
Lc 8.46 Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder.
Lc 8.47 Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada.
Lc 8.48 Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.
JESUS RESSUSCITA A FILHA DE JAIRO
Lc 8.49 Enquanto ainda falava, veio alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o Mestre.
Lc 8.50 Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e será salva.
Lc 8.51 Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina.
Lc 8.52 E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme.
Lc 8.53 E riam-se dele, sabendo que ela estava morta.
Lc 8.54 Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te.
Lc 8.55 E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer.
Lc 8.56 E seus pais ficaram maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém contassem o que havia sucedido.
LUCAS 9
A MISSÃO DOS DOZE
Lc 9.1 Reunindo os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curarem doenças;
Lc 9.2 e enviou-os a pregar o reino de Deus, e fazer curas,
Lc 9.3 dizendo-lhes: Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas.
Lc 9.4 Em qualquer casa em que entrardes, nela ficai, e dali partireis.
Lc 9.5 Mas, onde quer que não vos receberem, saindo daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.
Lc 9.6 Saindo, pois, os discípulos percorreram as aldeias, anunciando o evangelho e fazendo curas por toda parte.
HERODES E JOÃO BATISTA
Lc 9.7 Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava, e ficou muito perplexo, porque diziam uns: João ressuscitou dos mortos;
Lc 9.8 outros: Elias apareceu; e outros: Um dos antigos profetas se levantou.
Lc 9.9 Herodes, porém, disse: A João eu mandei degolar; quem é, pois, este a respeito de quem ouço tais coisas? E procurava vê-lo.
A PRIMEIRA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES
Lc 9.10 Quando os apóstolos voltaram, contaram-lhe tudo o que havia feito. E ele, levando-os consigo, retirou-se à parte para uma cidade chamada Betsaida.
Lc 9.11 Mas as multidões, percebendo isto, seguiram-no; e ele as recebeu, e falava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura.
Lc 9.12 Ora, quando o dia começava a declinar, aproximando-se os doze, disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo às aldeias e aos sítios em redor, se hospedem, e achem o que comer; porque aqui estamos em lugar deserto.
Lc 9.13 Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de comer. Responderam eles: Não temos senão cinco pães e dois peixes; salvo se nós formos comprar comida para todo este povo.
Lc 9.14 Pois eram cerca de cinco mil homens. Então disse a seus discípulos: Fazei-os reclinar-se em grupos de cerca de cinqüenta cada um.
Lc 9.15 Assim o fizeram, mandando que todos se reclinassem.
Lc 9.16 E tomando Jesus os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu, os abençoou e partiu, e os entregava aos seus discípulos para os porem diante da multidão.
Lc 9.17 Todos, pois, comeram e se fartaram; e foram levantados, do que lhes sobejou, doze cestos de pedaços.
A CONFISSÃO DE PEDRO
Lc 9.18 Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele somente seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou?
Lc 9.19 Responderam eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros, que um dos antigos profetas se levantou.
Lc 9.20 Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.
Lc 9.21 Jesus, porém, advertindo-os, mandou que não contassem isso a ninguém;
Lc 9.22 e disse-lhes: É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia ressuscite.
CADA UM DEVE LEVAR SUA CRUZ
Lc 9.23 Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lc 9.24 Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará.
Lc 9.25 Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo?
Lc 9.26 Porque, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.
Lc 9.27 Mas em verdade vos digo: Alguns há, dos que estão aqui, que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus.
A TRANSFIGURAÇÃO
Lc 9.28 Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar.
Lc 9.29 Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente.
Lc 9.30 E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias,
Lc 9.31 os quais apareceram com glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém.
Lc 9.32 Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com ele.
Lc 9.33 E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia.
Lc 9.34 Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem.
Lc 9.35 E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.
Lc 9.36 Ao soar esta voz, Jesus foi achado sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
A CURA DE UM JOVEM POSSESSO
Lc 9.37 No dia seguinte, quando desceram do monte, veio-lhe ao encontro uma grande multidão.
Lc 9.38 E eis que um homem dentre a multidão clamou, dizendo: Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que tenho;
Lc 9.39 pois um espírito se apodera dele, fazendo-o gritar subitamente, convulsiona-o até escumar e, mesmo depois de o ter quebrantado, dificilmente o larga.
Lc 9.40 E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, mas não puderam.
Lc 9.41 Respondeu Jesus: ó geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho.
Lc 9.42 Ainda quando ele vinha chegando, o demônio o derrubou e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai.
Lc 9.43 E todos se maravilhavam da majestade de Deus. E admirando-se todos de tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos:
Lc 9.44 Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos; pois o Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens.
Lc 9.45 Eles, porém, não entendiam essa palavra, cujo sentido lhes era encoberto para que não o compreendessem; e temiam interrogá-lo a esse respeito.
O MAIOR NO REINO DOS CÉUS
Lc 9.46 E suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.
Lc 9.47 Mas Jesus, percebendo o pensamento de seus corações, tomou uma criança, pô-la junto de si,
Lc 9.48 e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que me receber a mim, recebe aquele que me enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é grande.
QUEM NÃO É CONTRA NÓS É POR NÓS
Lc 9.49 Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios; e lho proibimos, porque não segue conosco.
Lc 9.50 Respondeu-lhe Jesus: Não lho proibais; porque quem não é contra vós é por vós.
OS SAMARITANOS NÃO RECEBEM JESUS
Lc 9.51 Ora, quando se completavam os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém.
Lc 9.52 Enviou, pois, mensageiros adiante de si. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe prepararem pousada.
Lc 9.53 Mas não o receberam, porque viajava em direção a Jerusalém.
Lc 9.54 Vendo isto os discípulos Tiago e João, disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir (como Elias também fez?)
Lc 9.55 Ele porém, voltando-se, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.
Lc 9.56 Pois o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia.
SOBRE AQUELES QUE SEGUEM A JESUS
Lc 9.57 E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores.
Lc 9.58 E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
Lc 9.59 E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai.
Lc 9.60 Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus.
Lc 9.61 Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa.
Lc 9.62 E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.
LUCAS 10
A MISSÃO DOS SETENTA
Lc 10.1 Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.
Lc 10.2 E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Lc 10.3 Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos.
Lc 10.4 Não leveis bolsa, nem alforge, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho.
Lc 10.5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa.
Lc 10.6 E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós.
Lc 10.7 Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa.
Lc 10.8 Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós.
Lc 10.9 Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus.
Lc 10.10 Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei:
Lc 10.11 Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado.
Lc 10.12 Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade.
Lc 10.13 Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam arrependido.
Lc 10.14 Contudo, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no juízo do que para vós.
Lc 10.15 E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o inferno descerás.
Lc 10.16 Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
Lc 10.17 Voltaram depois os setenta com alegria, dizendo: Senhor, em teu nome, até os demônios se nos submetem.
Lc 10.18 Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
Lc 10.19 Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum.
Lc 10.20 Contudo, não vos alegreis porque se vos submetem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.
Lc 10.21 Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
Lc 10.22 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Lc 10.23 E voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular: Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes.
Lc 10.24 Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
Lc 10.25 E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Lc 10.26 Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu?
Lc 10.27 Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Lc 10.28 Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Lc 10.29 Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
Lc 10.30 Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
Lc 10.31 Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo.
Lc 10.32 De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo.
Lc 10.33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão;
Lc 10.34 e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
Lc 10.35 No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar.
Lc 10.36 Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
Lc 10.37 Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo.
MARTA E MARIA
Lc 10.38 Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
Lc 10.39 Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.
Lc 10.40 Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.
Lc 10.41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas;
Lc 10.42 entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.
LUCAS 11
A ORAÇÃO DOMINICAL
Lc 11.1 Estava Jesus em certo lugar orando e, quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.
Lc 11.2 Ao que ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino;
Lc 11.3 dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;
Lc 11.4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos deixes entrar em tentação, (mas livra-nos do mal.)
A PARÁBOLA DO AMIGO IMPORTUNO
Lc 11.5 Disse-lhes também: Se um de vós tiver um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
Lc 11.6 pois que um amigo meu, estando em viagem, chegou a minha casa, e não tenho o que lhe oferecer;
Lc 11.7 e se ele, de dentro, responder: Não me incomodes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para te atender;
Lc 11.8 digo-vos que, ainda que se levante para lhos dar por ser seu amigo, todavia, por causa da sua importunação, se levantará e lhe dará quantos pães ele precisar.
Lc 11.9 Pelo que eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á;
Lc 11.10 pois todo o que pede, recebe; e quem busca acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
Lc 11.11 E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?
Lc 11.12 Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
Lc 11.13 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?
Lc 11.14 Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo; e aconteceu que, saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões se admiraram.
A BLASFÊMIA DOS FARISEUS
Lc 11.15 Mas alguns deles disseram: É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.
Lc 11.16 E outros, experimentando-o, lhe pediam um sinal do céu.
Lc 11.17 Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa cairá.
Lc 11.18 Ora, pois, se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso dos demônios por Belzebu.
Lc 11.19 E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juizes.
Lc 11.20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
Lc 11.21 Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança estão os seus bens;
Lc 11.22 mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos.
Lc 11.23 Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
Lc 11.24 Ora, havendo o espírito imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí.
Lc 11.25 E chegando, acha-a varrida e adornada.
Lc 11.26 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro.
Lc 11.27 Ora, enquanto ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que te amamentaste.
Lc 11.28 Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.
O SINAL DO PROFETA JONAS
Lc 11.29 Como afluíssem as multidões, começou ele a dizer: Geração perversa é esta; ela pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas;
Lc 11.30 porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta geração.
Lc 11.31 A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.
Lc 11.32 Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é maior do que Jonas.
A CANDEIA DO CORPO
Lc 11.33 Ninguém, depois de acender uma candeia, a põe em lugar oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz.
Lc 11.34 A candeia do corpo são os olhos. Quando, pois, os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, quando forem maus, o teu corpo será tenebroso.
Lc 11.35 Vê, então, que a luz que há em ti não sejam trevas.
Lc 11.36 Se, pois, todo o teu corpo estiver iluminado, sem ter parte alguma em trevas, será inteiramente luminoso, como quando a candeia te alumia com o seu resplendor.
JESUS CENSURA OS FARISEUS E ESCRIBAS
Lc 11.37 Acabando Jesus de falar, um fariseu o convidou para almoçar com ele; e havendo Jesus entrado, reclinou-se à mesa.
Lc 11.38 O fariseu admirou-se, vendo que ele não se lavara antes de almoçar.
Lc 11.39 Ao que o Senhor lhe disse: Ora vós, os fariseus, limpais o exterior do corpo e do prato; mas o vosso interior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade.
Lc 11.40 Loucos! quem fez o exterior, não fez também o inferior?
Lc 11.41 Dai, porém, de esmola o que está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas.
Lc 11.42 Mas ai de vós, fariseus! porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas importava fazer, sem deixar aquelas.
Lc 11.43 Ai de vós, fariseus! porque gostais dos primeiros assentos nas sinagogas, e das saudações nas praças.
Lc 11.44 Ai de vós! porque sois como as sepulturas que não aparecem, sobre as quais andam os homens sem o saberem.
Lc 11.45 Disse-lhe, então, um dos doutores da lei: Mestre, quando dizes isso, também nos afrontas a nós.
Lc 11.46 Ele, porém, respondeu: Ai de vós também, doutores da lei! porque carregais os homens com fardos difíceis de suportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais nesses fardos.
Lc 11.47 Ai de vós! porque edificais os túmulos dos profetas, e vossos pais os mataram.
Lc 11.48 Assim sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais; porquanto eles os mataram, e vós lhes edificais os túmulos.
Lc 11.49 Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns, e perseguirão outros;
Lc 11.50 para que a esta geração se peçam contas do sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado;
Lc 11.51 desde o sangue de Abel, até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário; sim, eu vos digo, a esta geração se pedirão contas.
Lc 11.52 Ai de vós, doutores da lei! porque tirastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam.
Lc 11.53 Ao sair ele dali, começaram os escribas e os fariseus a apertá-lo fortemente, e a interrogá-lo acerca de muitas coisas,
Lc 11.54 armando-lhe ciladas, a fim de o apanharem em alguma coisa que dissesse.
LUCAS 12
Lc 12.1 Ajuntando-se entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que se atropelavam uns aos outros, começou Jesus a dizer primeiro aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
Lc 12.2 Mas nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser conhecido.
Lc 12.3 Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falaste ao ouvido no gabinete, dos eirados será apregoado.
NÃO DEVEMOS TEMER OS HOMENS
Lc 12.4 Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer.
Lc 12.5 Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, digo, a esse temei.
Lc 12.6 Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus.
Lc 12.7 Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais valeis vós do que muitos passarinhos.
Lc 12.8 E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus;
Lc 12.9 mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus.
Lc 12.10 E a todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado.
Lc 12.11 Quando, pois, vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer.
Lc 12.12 Porque o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora o que deveis dizer.
A PARÁBOLA DO RICO INSENSATO
Lc 12.13 Disse-lhe alguém dentre a multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo a herança.
Lc 12.14 Mas ele lhe respondeu: Homem, quem me constituiu a mim juiz ou repartidor entre vós?
Lc 12.15 E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.
Lc 12.16 Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;
Lc 12.17 e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos.
Lc 12.18 Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens;
Lc 12.19 e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
Lc 12.20 Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
Lc 12.21 Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.
A SOLICITUDE PELA VIDA
Lc 12.22 E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir.
Lc 12.23 Pois a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário.
Lc 12.24 Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves!
Lc 12.25 Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
Lc 12.26 Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?
Lc 12.27 Considerai os lírios, como crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.
Lc 12.28 Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pouca fé?
Lc 12.29 Não procureis, pois, o que haveis de comer, ou o que haveis de beber, e não andeis preocupados.
Lc 12.30 Porque a todas estas coisas os povos do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que precisais delas.
Lc 12.31 Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas.
Lc 12.32 Não temas, ó pequeno rebanho! porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.
Lc 12.33 Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói.
Lc 12.34 Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
A PARÁBOLA DO SERVO VIGILANTE
Lc 12.35 Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas candeias;
Lc 12.36 e sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe.
Lc 12.37 Bem-aventurados aqueles servos, aos quais o senhor, quando vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá.
Lc 12.38 Quer venha na segunda vigília, quer na terceira, bem-aventurados serão eles, se assim os achar.
Lc 12.39 Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
Lc 12.40 Estai vós também apercebidos; porque, numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
Lc 12.41 Então Pedro perguntou: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?
Lc 12.42 Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
Lc 12.43 Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
Lc 12.44 Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
Lc 12.45 Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se,
Lc 12.46 virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
Lc 12.47 O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
Lc 12.48 mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.
JESUS TRAZ FOGO E DISSENSÃO À TERRA
Lc 12.49 Vim lançar fogo à terra; e que mais quero, se já está aceso?
Lc 12.50 Há um batismo em que hei de ser batizado; e como me angustio até que venha a cumprir-se!
Lc 12.51 Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, mas antes dissensão:
Lc 12.52 pois daqui em diante estarão cinco pessoas numa casa divididas, três contra duas, e duas contra três;
Lc 12.53 estarão divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe contra filha, e filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.
OS SINAIS DOS TEMPOS
Lc 12.54 Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede;
Lc 12.55 e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim sucede.
Lc 12.56 Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?
Lc 12.57 E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?
Lc 12.58 Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura fazer as pazes com ele no caminho; para que não suceda que ele te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te lance na prisão
Lc 12.59 Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro lepto.
LUCAS 13
A NECESSIDADE DE ARREPENDIMENTO
Lc 13.1 Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles.
Lc 13.2 Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?
Lc 13.3 Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Lc 13.4 Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?
Lc 13.5 Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
A PARÁBOLA DA FIGUEIRA ESTÉRIL
Lc 13.6 E passou a narrar esta parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; e indo procurar fruto nela, e não o achou.
Lc 13.7 Disse então ao viticultor: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente?
Lc 13.8 Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu cave em derredor, e lhe deite estrume;
Lc 13.9 e se no futuro der fruto, bem; mas, se não, cortá-la-ás.
A CURA DE UMA PARALÍTICA
Lc 13.10 Jesus estava ensinando numa das sinagogas no sábado.
Lc 13.11 E estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava encurvada, e não podia de modo algum endireitar-se.
Lc 13.12 Vendo-a Jesus, chamou-a, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade;
Lc 13.13 e impôs-lhe as mãos e imediatamente ela se endireitou, e glorificava a Deus.
Lc 13.14 Então o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus curara no sábado, tomando a palavra disse à multidão: Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, neles para serdes curados, e não no dia de sábado.
Lc 13.15 Respondeu-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, para o levar a beber?
Lc 13.16 E não devia ser solta desta prisão, no dia de sábado, esta que é filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?
Lc 13.17 E dizendo ele essas coisas, todos os seus adversário ficavam envergonhados; e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.
AS PARÁBOLAS DO GRÃO DE MOSTARDA E DO FERMENTO
Lc 13.18 Ele, pois, dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei?
Lc 13.19 É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta; cresceu, e fez-se árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.
Lc 13.20 E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?
Lc 13.21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.
A PORTA ESTREITA
Lc 13.22 Assim percorria Jesus as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém.
Lc 13.23 E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu:
Lc 13.24 Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.
Lc 13.25 Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois;
Lc 13.26 então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas;
Lc 13.27 e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.
Lc 13.28 Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.
Lc 13.29 Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
Lc 13.30 Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.
O LAMENTO DE JESUS SOBRE JERUSALÉM
Lc 13.31 Naquela mesma hora chegaram alguns fariseus que lhe disseram: Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
Lc 13.32 Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a essa raposa: Eis que vou expulsando demônios e fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei consumado.
Lc 13.33 Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém.
Lc 13.34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste!
Lc 13.35 Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.
LUCAS 14
A CURA DE UM HIDRÓPICO
Lc 14.1 Tendo Jesus entrado, num sábado, em casa de um dos chefes dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando.
Lc 14.2 Achava-se ali diante dele certo homem hidrópico.
Lc 14.3 E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei e aos fariseus, e perguntou: É lícito curar no sábado, ou não?
Lc 14.4 Eles, porém, ficaram calados. E Jesus, pegando no homem, o curou, e o despediu.
Lc 14.5 Então lhes perguntou: Qual de vós, se lhe cair num poço um filho, ou um boi, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado?
Lc 14.6 A isto nada puderam responder.
A PARÁBOLA DOS PRIMEIROS ASSENTOS E CONVIDADOS
Lc 14.7 Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola:
Lc 14.8 Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;
Lc 14.9 e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar.
Lc 14.10 Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa.
Lc 14.11 Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Lc 14.12 Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso retribuído.
Lc 14.13 Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos;
Lc 14.14 e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos.
A PARÁBOLA DA GRANDE CEIA
Lc 14.15 Ao ouvir isso um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus.
Lc 14.16 Jesus, porém, lhe disse: Certo homem dava uma grande ceia, e convidou a muitos.
Lc 14.17 E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: vinde, porque tudo já está preparado.
Lc 14.18 Mas todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te que me dês por escusado.
Lc 14.19 Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me dês por escusado.
Lc 14.20 Ainda outro disse: Casei-me e portanto não posso ir.
Lc 14.21 Voltou o servo e contou tudo isto a seu senhor: Então o dono da casa, indignado, disse a seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
Lc 14.22 Depois disse o servo: Senhor, feito está como o ordenaste, e ainda há lugar.
Lc 14.23 Respondeu o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha.
Lc 14.24 Pois eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.
Lc 14.25 Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
Lc 14.26 Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.
Lc 14.27 Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.
Lc 14.28 Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?
Lc 14.29 Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,
Lc 14.30 dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.
A PARÁBOLA SOBRE A PROVIDÊNCIA
Lc 14.31 Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
Lc 14.32 No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
Lc 14.33 Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.
Lc 14.34 Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor?
Lc 14.35 Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
LUCAS 15
AS PARÁBOLAS DA OVELHA E DA DRACMA PERDIDA
Lc 15.1 Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
Lc 15.2 E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.
Lc 15.3 Então ele lhes propôs esta parábola:
Lc 15.4 Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?
Lc 15.5 E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo;
Lc 15.6 e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido.
Lc 15.7 Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
Lc 15.8 Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma dracma, não acende a candeia, e não varre a casa, buscando com diligência até encontrá-la?
Lc 15.9 E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu havia perdido.
Lc 15.10 Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
Lc 15.11 Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos.
Lc 15.12 O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.
Lc 15.13 Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
Lc 15.14 E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades.
Lc 15.15 Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
Lc 15.16 E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.
Lc 15.17 Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
Lc 15.18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
Lc 15.19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.
Lc 15.20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
Lc 15.21 Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
Lc 15.22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
Lc 15.23 trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos,
Lc 15.24 porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se.
Lc 15.25 Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças;
Lc 15.26 e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
Lc 15.27 Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
Lc 15.28 Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
Lc 15.29 Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com meus amigos;
Lc 15.30 vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
Lc 15.31 Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
Lc 15.32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.
LUCAS 16
A PARÁBOLA DO MORDOMO INFIEL
Lc 16.1 Dizia Jesus também aos seus discípulos: Havia certo homem rico, que tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de estar dissipando os seus bens.
Lc 16.2 Chamou-o, então, e lhe disse: Que é isso que ouço dizer de ti? Presta contas da tua mordomia; porque já não podes mais ser meu mordomo.
Lc 16.3 Disse, pois, o mordomo consigo: Que hei de fazer, já que o meu senhor me tira a mordomia? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha.
Lc 16.4 Agora sei o que vou fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.
Lc 16.5 E chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
Lc 16.6 Respondeu ele: Cem cados de azeite. Disse-lhe então: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinqüenta.
Lc 16.7 Perguntou depois a outro: E tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. E disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.
Lc 16.8 E louvou aquele senhor ao injusto mordomo por haver procedido com sagacidade; porque os filhos deste mundo são mais sagazes para com a sua geração do que os filhos da luz.
Lc 16.9 Eu vos digo ainda: Granjeai amigos por meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
Lc 16.10 Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; quem é injusto no pouco, também é injusto no muito.
Lc 16.11 Se, pois, nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
Lc 16.12 E se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
Lc 16.13 Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, o há de odiar a um e amar ao outro, o há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
A AUTORIDADE DA LEI
Lc 16.14 Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas e zombavam dele.
Lc 16.15 E ele lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.
Lc 16.16 A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele.
Lc 16.17 É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.
Lc 16.18 Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo marido, também comete adultério.
O RICO E LÁZARO
Lc 16.19 Ora, havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente.
Lc 16.20 Ao seu portão fora deitado um mendigo, chamado Lázaro, todo coberto de úlceras;
Lc 16.21 o qual desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras.
Lc 16.22 Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado.
Lc 16.23 No inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio.
Lc 16.24 E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
Lc 16.25 Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui é consolado, e tu atormentado.
Lc 16.26 E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá passar para nós.
Lc 16.27 Disse ele então: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
Lc 16.28 porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para este lugar de tormento.
Lc 16.29 Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
Lc 16.30 Respondeu ele: Não! pai Abraão; mas, se alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender.
Lc 16.31 Abraão, porém, lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.
LUCAS 17
O ESCÂNDALO
Lc 17.1 Disse Jesus a seus discípulos: É impossível que não venham tropeços, mas ai daquele por quem vierem!
Lc 17.2 Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos.
Lc 17.3 Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe.
Lc 17.4 Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás.
O PODER DA FÉ
Lc 17.5 Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.
Lc 17.6 Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
SERVIR COM HUMILDADE
Lc 17.7 Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à mesa?
Lc 17.8 Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e beberás?
Lc 17.9 Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado?
Lc 17.10 Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
OS DEZ LEPROSOS
Lc 17.11 E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa entre a Samaria e a Galiléia.
Lc 17.12 Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, os quais pararam de longe,
Lc 17.13 e levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!
Lc 17.14 Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos.
Lc 17.15 Um deles, vendo que fora curado, voltou glorificando a Deus em alta voz;
Lc 17.16 e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era samaritano.
Lc 17.17 Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os nove, onde estão?
Lc 17.18 Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?
Lc 17.19 E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.
A VINDA DO REINO DE DEUS
Lc 17.20 Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior;
Lc 17.21 nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós.
O DIA DO FILHO DO HOMEM
Lc 17.22 Então disse aos discípulos: Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis.
Lc 17.23 Dir-vos-ão: Ei-lo ali! ou: Ei-lo aqui! não vades, nem os sigais;
Lc 17.24 pois, assim como o relâmpago, fuzilando em uma extremidade do céu, ilumina até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.
Lc 17.25 Mas primeiro é necessário que ele padeça muitas coisas, e que seja rejeitado por esta geração.
Lc 17.26 Como aconteceu nos dias de Noé, assim também será nos dias do Filho do homem.
Lc 17.27 Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos.
Lc 17.28 Como também da mesma forma aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
Lc 17.29 mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os destruiu a todos;
Lc 17.30 assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.
Lc 17.31 Naquele dia, quem estiver no eirado, tendo os seus bens em casa, não desça para tirá-los; e, da mesma sorte, o que estiver no campo, não volte para trás.
Lc 17.32 Lembrai-vos da mulher de Ló.
Lc 17.33 Qualquer que procurar preservar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, conservá-la-á.
Lc 17.34 Digo-vos: Naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e o outro será deixado.
Lc 17.35 Duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e a outra será deixada.
Lc 17.36 [Dois homens estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado.]
Lc 17.37 Perguntaram-lhe: Onde, Senhor? E respondeu-lhes: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão também os abutres.
LUCAS 18
A PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO
Lc 18.1 Contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer.
Lc 18.2 dizendo: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava os homens.
Lc 18.3 Havia também naquela mesma cidade uma viúva que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
Lc 18.4 E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
Lc 18.5 todavia, como esta viúva me incomoda, hei de fazer-lhe justiça, para que ela não continue a vir molestar-me.
Lc 18.6 Prosseguiu o Senhor: Ouvi o que diz esse juiz injusto.
Lc 18.7 E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que é longânimo para com eles?
Lc 18.8 Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
A PARÁBOLA DO FARISEU E DO COBRADOR DE IMPOSTOS
Lc 18.9 Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
Lc 18.10 Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.
Lc 18.11 O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano.
Lc 18.12 Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
Lc 18.13 Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador!
Lc 18.14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
JESUS ABENÇOA AS CRIANÇAS
Lc 18.15 Traziam-lhe também as crianças, para que as tocasse; mas os discípulos, vendo isso, os repreendiam.
Lc 18.16 Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
Lc 18.17 Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de modo algum entrará nele.
O JOVEM RICO
Lc 18.18 E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
Lc 18.19 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.
Lc 18.20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.
Lc 18.21 Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
Lc 18.22 Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
Lc 18.23 Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico.
Lc 18.24 E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
Lc 18.25 Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
Lc 18.26 Então os que ouviram isso disseram: Quem pode, então, ser salvo?
Lc 18.27 Respondeu-lhes: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
Lc 18.28 Disse-lhe Pedro: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos.
Lc 18.29 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por amor do reino de Deus,
Lc 18.30 que não haja de receber no presente muito mais, e no mundo vindouro a vida eterna.
JESUS ANUNCIA SUA MORTE E RESSURREIÇÃO
Lc 18.31 Tomando Jesus consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito;
Lc 18.32 pois será entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido;
Lc 18.33 e depois de o açoitarem, o matarão; e ao terceiro dia ressurgirá.
Lc 18.34 Mas eles não entenderam nada disso; essas palavras lhes eram obscuras, e não percebiam o que lhes dizia.
O CEGO DE JERICÓ
Lc 18.35 Ora, quando ele ia chegando a Jericó, estava um cego sentado junto do caminho, mendigando.
Lc 18.36 Este, pois, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo.
Lc 18.37 Disseram-lhe que Jesus, o nazareno, ia passando.
Lc 18.38 Então ele se pôs a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Lc 18.39 E os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse; ele, porém, clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Lc 18.40 Parou, pois, Jesus, e mandou que lho trouxessem. Tendo ele chegado, perguntou-lhe:
Lc 18.41 Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja.
Lc 18.42 Disse-lhe Jesus: Vê; a tua fé te salvou.
Lc 18.43 Imediatamente recuperou a vista, e o foi seguindo, gloficando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus.
LUCAS 19
ZAQUEU, O COBRADOR DE IMPOSTOS
Lc 19.1 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.
Lc 19.2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico.
Lc 19.3 Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.
Lc 19.4 E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali.
Lc 19.5 Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa.
Lc 19.6 Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria.
Lc 19.7 Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador.
Lc 19.8 Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.
Lc 19.9 Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
Lc 19.10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
AS PARÁBOLAS DOS DEZ SERVOS E DAS DEZ MINAS
Lc 19.11 Ouvindo eles isso, prosseguiu Jesus, e contou uma parábola, visto estar ele perto de Jerusalém, e pensarem eles que o reino de Deus se havia de manifestar imediatamente.
Lc 19.12 Disse pois: Certo homem nobre partiu para uma terra longínqua, a fim de tomar posse de um reino e depois voltar.
Lc 19.13 E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha.
Lc 19.14 Mas os seus concidadãos odiavam-no, e enviaram após ele uma embaixada, dizendo: Não queremos que este homem reine sobre nós.
Lc 19.15 E sucedeu que, ao voltar ele, depois de ter tomado posse do reino, mandou chamar aqueles servos a quem entregara o dinheiro, a fim de saber como cada um havia negociado.
Lc 19.16 Apresentou-se, pois, o primeiro, e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.
Lc 19.17 Respondeu-lhe o senhor: Bem está, servo bom! porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade.
Lc 19.18 Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas.
Lc 19.19 A este também respondeu: Sê tu também sobre cinco cidades.
Lc 19.20 E veio outro, dizendo: Senhor, eis aqui a tua mina, que guardei num lenço;
Lc 19.21 pois tinha medo de ti, porque és homem severo; tomas o que não puseste, e ceifas o que não semeaste.
Lc 19.22 Disse-lhe o Senhor: Servo mau! pela tua boca te julgarei; sabias que eu sou homem severo, que tomo o que não pus, e ceifo o que não semeei;
Lc 19.23 por que, pois, não puseste o meu dinheiro no barco? então vindo eu, o teria retirado com os juros.
Lc 19.24 E disse aos que estavam ali: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem as dez minas.
Lc 19.25 Responderam-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas.
Lc 19.26 Pois eu vos digo que a todo o que tem, dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
Lc 19.27 Quanto, porém, àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim.
A ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS EM JERUSALÉM
Lc 19.28 Tendo Jesus assim falado, ia caminhando adiante deles, subindo para Jerusalém.
Lc 19.29 Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se chama das Oliveiras, enviou dois dos discípulos,
Lc 19.30 dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou; desprendei-o e trazei-o.
Lc 19.31 Se alguém vos perguntar: Por que o desprendeis? respondereis assim: O Senhor precisa dele.
Lc 19.32 Partiram, pois, os que tinham sido enviados, e acharam conforme lhes dissera.
Lc 19.33 Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho?
Lc 19.34 Responderam eles: O Senhor precisa dele.
Lc 19.35 Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os seus mantos sobre o jumentinho, fizeram que Jesus montasse.
Lc 19.36 E, enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus mantos.
Lc 19.37 Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinha visto,
Lc 19.38 dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.
Lc 19.39 Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos.
Lc 19.40 Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.
Lc 19.41 E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela,
Lc 19.42 dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos.
Lc 19.43 Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados,
Lc 19.44 e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação.
A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO
Lc 19.45 Então, entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam,
Lc 19.46 dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração; vós, porém, a fizestes covil de salteadores.
Lc 19.47 E todos os dias ensinava no templo; mas os principais sacerdotes, os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo;
Lc 19.48 mas não achavam meio de o fazer; porque todo o povo ficava enlevado ao ouvi-lo.
LUCAS 20
O BATISMO DE JOÃO
Lc 20.1 Num desses dias, quando Jesus ensinava o povo no templo, e anunciava o evangelho, sobrevieram os principais sacerdotes e os escribas, com os anciãos.
Lc 20.2 e falaram-lhe deste modo: Dize-nos, com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou, quem é o que te deu esta autoridade?
Lc 20.3 Respondeu-lhes ele: Eu também vos farei uma pergunta; dizei-me, pois:
Lc 20.4 O batismo de João era do céu ou dos homens?
Lc 20.5 Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: do céu, ele dirá: Por que não crestes?
Lc 20.6 Mas, se dissermos: Dos homens, todo o povo nos apedrejará; pois está convencido de que João era profeta.
Lc 20.7 Responderam, pois, que não sabiam donde era.
Lc 20.8 Replicou-lhes Jesus: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
A PARÁBOLA DOS LAVRADORES MAUS
Lc 20.9 Começou então a dizer ao povo esta parábola: Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se do país por muito tempo.
Lc 20.10 No tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
Lc 20.11 Tornou a mandar outro servo; mas eles espancaram também a este e, afrontando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
Lc 20.12 E mandou ainda um terceiro; mas feriram também a este e lançaram-no fora.
Lc 20.13 Disse então o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; a ele talvez respeitarão.
Lc 20.14 Mas quando os lavradores o viram, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança seja nossa.
Lc 20.15 E lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o senhor da vinha?
Lc 20.16 Virá e destruirá esses lavradores, e dará a vinha a outros. Ouvindo eles isso, disseram: Tal não aconteça!
Lc 20.17 Mas Jesus, olhando para eles, disse: Pois, que quer dizer isto que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular?
Lc 20.18 Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.
A QUESTÃO DO TRIBUTO
Lc 20.19 Ainda na mesma hora os escribas e os principais sacerdotes, percebendo que contra eles proferira essa parábola, procuraram deitar-lhe as mãos, mas temeram o povo.
Lc 20.20 E, aguardando oportunidade, mandaram espias, os quais se fingiam justos, para o apanharem em alguma palavra, e o entregarem à jurisdição e à autoridade do governador.
Lc 20.21 Estes, pois, o interrogaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus;
Lc 20.22 é-nos lícito dar tributo a César, ou não?
Lc 20.23 Mas Jesus, percebendo a astúcia deles, disse-lhes:
Lc 20.24 Mostrai-me um denário. De quem é a imagem e a inscrição que ele tem? Responderam: De César.
Lc 20.25 Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Lc 20.26 E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e admirados da sua resposta, calaram-se.
OS SADUCEUS E A RESSURREIÇÃO
Lc 20.27 Chegaram então alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe:
Lc 20.28 Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, tendo mulher mas não tendo filhos, o irmão dele case com a viúva, e suscite descendência ao irmão.
Lc 20.29 Havia, pois, sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos;
Lc 20.30 então o segundo, e depois o terceiro, casaram com a viúva;
Lc 20.31 e assim todos os sete, e morreram, sem deixar filhos.
Lc 20.32 Depois morreu também a mulher.
Lc 20.33 Portanto, na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
Lc 20.34 Respondeu-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casaram-se e dão-se em casamento;
Lc 20.35 mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento;
Lc 20.36 porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
Lc 20.37 Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moisés o mostrou, na passagem a respeito da sarça, quando chama ao Senhor; Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
Lc 20.38 Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem.
Lc 20.39 Responderam alguns dos escribas: Mestre, disseste bem.
Lc 20.40 Não ousavam, pois, perguntar-lhe mais coisa alguma.
CRISTO, FILHO DE DAVI
Lc 20.41 Jesus, porém, lhes perguntou: Como dizem que o Cristo é filho de Davi?
Lc 20.42 Pois o próprio Davi diz no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
Lc 20.43 até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.
Lc 20.44 Logo Davi lhe chama Senhor como, pois, é ele seu filho?
Lc 20.45 Enquanto todo o povo o ouvia, disse Jesus aos seus discípulos:
Lc 20.46 Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas, e gostam das saudações nas praças, dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes;
Lc 20.47 que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, longas orações; estes hão de receber maior condenação.
LUCAS 21
A OFERTA DA VIÚVA POBRE
Lc 21.1 Jesus, levantando os olhos, viu os ricos deitarem as suas ofertas no cofre;
Lc 21.2 viu também uma pobre viúva lançar ali dois leptos;
Lc 21.3 e disse: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos;
Lc 21.4 porque todos aqueles deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para o seu sustento.
O SERMÃO PROFÉTICO. O PRINCÍPIO DAS DORES
Lc 21.5 E falando-lhe alguns a respeito do templo, como estava ornado de formosas pedras e dádivas, disse ele:
Lc 21.6 Quanto a isto que vedes, dias virão em que não se deixará aqui pedra sobre pedra, que não seja derrubada.
Lc 21.7 Perguntaram-lhe então: Mestre, quando, pois, sucederão estas coisas? E que sinal haverá, quando elas estiverem para se cumprir?
Lc 21.8 Respondeu então ele: Acautelai-vos; não sejais enganados; porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu; e: O tempo é chegado; não vades após eles.
Lc 21.9 Quando ouvirdes de guerras e tumultos, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim não será logo.
Lc 21.10 Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino;
Lc 21.11 e haverá em vários lugares grandes terremotos, e pestes e fomes; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.
Lc 21.12 Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome.
Lc 21.13 Isso vos acontecerá para que deis testemunho.
Lc 21.14 Proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de fazer a vossa defesa;
Lc 21.15 porque eu vos darei boca e sabedoria, a que nenhum dos vossos adversário poderá resistir nem contradizer.
Lc 21.16 E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;
Lc 21.17 e sereis odiados de todos por causa do meu nome.
Lc 21.18 Mas não se perderá um único cabelo da vossa cabeça.
Lc 21.19 Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas.
Lc 21.20 Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação.
Lc 21.21 Então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os que estiverem nos campos não entrem nela.
Lc 21.22 Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas.
Lc 21.23 Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! porque haverá grande angústia sobre a terra, e ira contra este povo.
Lc 21.24 E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem.
Lc 21.25 E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
Lc 21.26 os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
Lc 21.27 Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória.
Lc 21.28 Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima.
Lc 21.29 Propôs-lhes então uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores;
Lc 21.30 quando começam a brotar, sabeis por vós mesmos, ao vê-las, que já está próximo o verão.
Lc 21.31 Assim também vós, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que o reino de Deus está próximo.
Lc 21.32 Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo isso se cumpra.
Lc 21.33 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
Lc 21.34 Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.
Lc 21.35 Porque há de vir sobre todos os que habitam na face da terra.
Lc 21.36 Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem.
Lc 21.37 Ora, de dia ensinava no templo, e à noite, saindo, pousava no monte chamado das Oliveiras.
Lc 21.38 E todo o povo ia ter com ele no templo, de manhã cedo, para o ouvir.
LUCAS 22
JUDAS CONCORDA EM TRAIR JESUS
Lc 22.1 Aproximava-se a festa dos pães ázimos, que se chama a páscoa.
Lc 22.2 E os principais sacerdotes e os escribas andavam procurando um modo de o matar; pois temiam o povo.
Lc 22.3 Entrou então Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, que era um dos doze;
Lc 22.4 e foi ele tratar com os principais sacerdotes e com os capitães de como lho entregaria.
Lc 22.5 Eles se alegraram com isso, e convieram em lhe dar dinheiro.
Lc 22.6 E ele concordou, e buscava ocasião para lho entregar sem alvoroço.
A ÚLTIMA PÁSCOA. A CEIA DO SENHOR
Lc 22.7 Ora, chegou o dia dos pães ázimos, em que se devia imolar a páscoa;
Lc 22.8 e Jesus enviou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos.
Lc 22.9 Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos?
Lc 22.10 Respondeu-lhes: Quando entrardes na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem, levando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar.
Lc 22.11 E direis ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
Lc 22.12 Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos.
Lc 22.13 Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a páscoa.
Lc 22.14 E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.
Lc 22.15 E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão;
Lc 22.16 pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.
Lc 22.17 Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;
Lc 22.18 porque vos digo que desde agora não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.
Lc 22.19 E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
Lc 22.20 Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós.
Lc 22.21 Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa.
Lc 22.22 Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
Lc 22.23 Então eles começaram a perguntar entre si qual deles o que ia fazer isso.
O MAIOR SERÁ COMO O MENOR
Lc 22.24 Levantou-se também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior.
Lc 22.25 Ao que Jesus lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que sobre eles exercem autoridade são chamados benfeitores.
Lc 22.26 Mas vós não sereis assim; antes o maior entre vós seja como o mais novo; e quem governa como quem serve.
Lc 22.27 Pois qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve? porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve.
Lc 22.28 Mas vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas provações;
Lc 22.29 e assim como meu Pai me conferiu domínio, eu vo-lo confiro a vós;
Lc 22.30 para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos senteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.
PEDRO É AVISADO
Lc 22.31 Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo;
Lc 22.32 mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos.
Lc 22.33 Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.
Lc 22.34 Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces.
Lc 22.35 E perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.
Lc 22.36 Disse-lhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a.
Lc 22.37 Porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento.
Lc 22.38 Disseram eles: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta.
JESUS NO GETSÊMANI
Lc 22.39 Então saiu e, segundo o seu costume, foi para o Monte das Oliveiras; e os discípulos o seguiam.
Lc 22.40 Quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.
Lc 22.41 E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava,
Lc 22.42 dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.
Lc 22.43 Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava.
Lc 22.44 E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.
Lc 22.45 Depois, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza;
Lc 22.46 e disse-lhes: Por que estais dormindo? Lenvantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.
JESUS É PRESO
Lc 22.47 E estando ele ainda a falar, eis que surgiu uma multidão; e aquele que se chamava Judas, um dos doze, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar.
Lc 22.48 Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?
Lc 22.49 Quando os que estavam com ele viram o que ia suceder, disseram: Senhor, feri-los-emos a espada?
Lc 22.50 Então um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita.
Lc 22.51 Mas Jesus disse: Deixai-os; basta. E tocando-lhe a orelha, o curou.
Lc 22.52 Então disse Jesus aos principais sacerdotes, oficiais do templo e anciãos, que tinham ido contra ele: Saístes, como a um salteador, com espadas e varapaus?
Lc 22.53 Todos os dias estava eu convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim; mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.
PEDRO NEGA A JESUS
Lc 22.54 Então, prendendo-o, o levaram, e o puseram em casa do sumo sacerdote. E Pedro seguia-o de longe.
Lc 22.55 E, havendo-se acendido fogo no meio do pátio, estando todos sentados, assentou-se Pedro entre eles.
Lc 22.56 E como certa criada, vendo-o estar assentado ao fogo, pusesse os olhos nele, disse: Este também estava com ele.
Lc 22.57 Mas Pedro o negou, dizendo: Mulher, não o conheço.
Lc 22.58 Daí a pouco, outro o viu, e disse: Tu também és um deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou.
Lc 22.59 E, tendo passado quase uma hora, outro afirmava, dizendo: Certamente este também estava com ele, pois é galileu.
Lc 22.60 Mas Pedro respondeu: Homem, não sei o que dizes. E imediatamente estando ele ainda a falar, cantou o galo.
Lc 22.61 Virando-se o Senhor, olhou para Pedro; e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás.
Lc 22.62 E, havendo saído, chorou amargamente.
JESUS PERANTE O SINÉDRIO
Lc 22.63 Os homens que detinham Jesus zombavam dele, e feriam-no;
Lc 22.64 e, vendando-lhe os olhos, perguntavam, dizendo: Profetiza, quem foi que te bateu?
Lc 22.65 E, blasfemando, diziam muitas outras coisas contra ele.
Lc 22.66 Logo que amanheceu reuniu-se a assembléia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o conduziam ao sinédrio deles, onde lhe disseram:
Lc 22.67 Se tu és o Cristo, dize-no-lo. Replicou-lhes ele: Se eu vo-lo disser, não o crereis;
Lc 22.68 e se eu vos interrogar, de modo algum me respondereis.
Lc 22.69 Mas desde agora estará assentado o Filho do homem à mão direita do poder de Deus.
Lc 22.70 Ao que perguntaram todos: Logo, tu és o Filho de Deus? Respondeu-lhes: Vós dizeis que eu sou.
Lc 22.71 Então disseram: Por que ainda temos necessidade de testemunho? pois nós mesmos o ouvimos da sua própria boca.
LUCAS 23
JESUS PERANTE PILATOS E HERODES
Lc 23.1 E levantando-se toda a multidão deles, conduziram Jesus a Pilatos.
Lc 23.2 E começaram a acusá-lo, dizendo: Achamos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser ele mesmo Cristo, rei.
Lc 23.3 Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
Lc 23.4 Então disse Pilatos aos principais sacerdotes, e às multidões: Não acho culpa alguma neste homem.
Lc 23.5 Eles, porém, insistiam ainda mais, dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a Judéia, começando desde a Galiléia até aqui.
Lc 23.6 Então Pilatos, ouvindo isso, perguntou se o homem era galileu;
Lc 23.7 e, quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também naqueles dias estava em Jerusalém.
Lc 23.8 Ora, quando Herodes viu a Jesus, alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e esperava ver algum sinal feito por ele;
Lc 23.9 e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu.
Lc 23.10 Estavam ali os principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência.
Lc 23.11 Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.
Lc 23.12 Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes andavam em inimizade um com o outro.
Lc 23.13 Então Pilatos convocou os principais sacerdotes, as autoridades e o povo,
Lc 23.14 e disse-lhes: Apresentastes-me este homem como pervertedor do povo; e eis que, interrogando-o diante de vós, não achei nele nenhuma culpa, das de que o acusais;
Lc 23.15 nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar; e eis que não tem feito ele coisa alguma digna de morte.
Lc 23.16 Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
Lc 23.17 [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.]
Lc 23.18 Mas todos clamaram à uma, dizendo: Fora com este, e solta-nos Barrabás!
Lc 23.19 Ora, Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio.
Lc 23.20 Mais uma vez, pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar a Jesus.
Lc 23.21 Eles, porém, bradavam, dizendo: Crucifica-o! crucifica-o!
Lc 23.22 Falou-lhes, então, pela terceira vez: Pois, que mal fez ele? Não achei nele nenhuma culpa digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
Lc 23.23 Mas eles instavam com grandes brados, pedindo que fosse crucificado. E prevaleceram os seus clamores.
Lc 23.24 Então Pilatos resolveu atender-lhes o pedido;
Lc 23.25 e soltou-lhes o que fora lançado na prisão por causa de sedição e de homicídio, que era o que eles pediam; mas entregou Jesus à vontade deles.
A CRUCIFICAÇÃO
Lc 23.26 Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus.
Lc 23.27 Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais o pranteavam e lamentavam.
Lc 23.28 Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos.
Lc 23.29 Porque dias hão de vir em que se dirá: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!
Lc 23.30 Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós; e aos outeiros: Cobri-nos.
Lc 23.31 Porque, se isto se faz no lenho verde, que se fará no seco?
Lc 23.32 E levavam também com ele outros dois, que eram malfeitores, para serem mortos.
Lc 23.33 Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
Lc 23.34 Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas.
Lc 23.35 E o povo estava ali a olhar. E as próprias autoridades zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou; salve-se a si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus.
Lc 23.36 Os soldados também o escarneciam, chegando-se a ele, oferecendo-lhe vinagre,
Lc 23.37 e dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
Lc 23.38 Por cima dele estava esta inscrição [em letras gregas, romanas e hebraicas:] ESTE É O REI DOS JUDEUS.
Lc 23.39 Então um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava dele, dizendo: Não és tu o Cristo? salva-te a ti mesmo e a nós.
Lc 23.40 Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação?
Lc 23.41 E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que os nossos feitos merecem; mas este nenhum mal fez.
Lc 23.42 Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
Lc 23.43 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
Lc 23.44 Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora nona, pois o sol se escurecera;
Lc 23.45 e rasgou-se ao meio o véu do santuário.
Lc 23.46 Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.
Lc 23.47 Quando o centurião viu o que acontecera, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.
Lc 23.48 E todas as multidões que presenciaram este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltaram batendo no peito.
Lc 23.49 Entretanto, todos os conhecidos de Jesus, e as mulheres que o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas.
O SEPULTAMENTO DE JESUS
Lc 23.50 Então um homem chamado José, natural de Arimatéia, cidade dos judeus, membro do sinédrio, homem bom e justo,
Lc 23.51 o qual não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, e que esperava o reino de Deus,
Lc 23.52 chegando a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus;
Lc 23.53 e tirando-o da cruz, envolveu-o num pano de linho, e pô-lo num sepulcro escavado em rocha, onde ninguém ainda havia sido posto.
Lc 23.54 Era o dia da preparação, e ia começar o sábado.
Lc 23.55 E as mulheres que tinham vindo com ele da Galiléia, seguindo a José, viram o sepulcro, e como o corpo foi ali depositado.
Lc 23.56 Então voltaram e prepararam especiarias e ungüentos. E no sábado repousaram, conforme o mandamento.
LUCAS 24
A RESSURREIÇÃO
Lc 24.1 Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado.
Lc 24.2 E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
Lc 24.3 Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
Lc 24.4 E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes apareceram dois varões em vestes resplandecentes;
Lc 24.5 e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive?
Lc 24.6 Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galiléia.
Lc 24.7 dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja.
Lc 24.8 Lembraram-se, então, das suas palavras;
Lc 24.9 e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.
Lc 24.10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos.
Lc 24.11 E pareceram-lhes como um delírio as palavras das mulheres e não lhes deram crédito.
Lc 24.12 Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido.
NO CAMINHO DE EMAÚS
Lc 24.13 Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios;
Lc 24.14 e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido.
Lc 24.15 Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles;
Lc 24.16 mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.
Lc 24.17 Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes.
Lc 24.18 E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias?
Lc 24.19 Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo.
Lc 24.20 e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram.
Lc 24.21 Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.
Lc 24.22 Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro
Lc 24.23 e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo.
Lc 24.24 Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram.
Lc 24.25 Então ele lhes disse: ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram!
Lc 24.26 Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?
Lc 24.27 E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
Lc 24.28 Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe.
Lc 24.29 Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
Lc 24.30 Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava.
Lc 24.31 Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles.
Lc 24.32 E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?
Lc 24.33 E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles,
Lc 24.34 os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão.
Lc 24.35 Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão.
JESUS APARECE AOS DISCÍPULOS
Lc 24.36 Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco.
Lc 24.37 Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.
Lc 24.38 Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? e por que surgem dúvidas em vossos corações?
Lc 24.39 Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho.
Lc 24.40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
Lc 24.41 Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer?
Lc 24.42 Então lhe deram um pedaço de peixe assado,
Lc 24.43 o qual ele tomou e comeu diante deles.
Lc 24.44 Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.
Lc 24.45 Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;
Lc 24.46 e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;
Lc 24.47 e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.
Lc 24.48 Vós sois testemunhas destas coisas.
Lc 24.49 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.
A ASCENSÃO
Lc 24.50 Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou.
Lc 24.51 E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu.
Lc 24.52 E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém;
Lc 24.53 e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.